CORPO 
Acrobata
enredado 
em clausura
de pele 
sem nenhuma
ruptura 
para onde me
leva 
sua
estrutura? 
Doce máquina
com engrenagem de músculo 
suspiro e
rangido 
o espaço
devora 
seu movimento
(braços e
pernas 
sem
explosão). 
Engenho de
febre 
sono e
lembrança 
que arma 
e desarma
minha morte 
em armadura
de treva. 
DEPOIS DE
A. C. 
Sua morte 
é o recreio
desta. 
Ao virar uma
piscina 
pelo avesso,
até o fim 
como uma
luva para sentir, ouvir e tocar 
o último
concerto 
de um
azulejo solo 
com os olhos
secos 
e as mãos
nuas 
sem água
sequer para lavar 
o chão de
sangue pisado 
o mármore do
deserto 
muito longe
da natureza 
como também
este gosto 
de
versos-ferro 
forte, na
boca 
e lembranças
de música 
alheia e
casual 
feita com
latas e precipitação. 
O que ficou 
foi pedra
sobre pedra
 significando nada 
pois o mar e
as lágrimas 
estão a mil
milhas daqui 
e o palácio
do telefone 
de luto
fechado. 
De lá, de
onde você me ligava 
deste lugar
ladrilhado 
por um só
ladrilho 
sobraram 
suas mãos
cruzadas com muito luxo 
beijos na
boca do infinito 
e a
solitária luz de um anel.
•
Armando Freitas Filho nasceu no Rio de Janeiro a 18 de
fevereiro em 1940. É autor de Palavra, Dual, À mão
livre, 3x4 (livro com o qual ganhou o Prêmio Jabuti de
Poesia em 1986), De cor, Números anônimos, Fio
terra (Prêmio Alphonsus de Guimaraens da Biblioteca Nacional, 2000),
entre outros livros. 

Nenhum comentário:
Postar um comentário